sexta-feira, 11 de março de 2011

O que é Zen?

Estou* iniciando a leitura do livro Os Mestres Zen, de Jacques Brosse (editora Pergaminho, 1999, Lisboa, Portugal) e gostei da maneira direta com que ele apresenta o Zen, sem enrolação.

Aliás, vou deixar a apresentação do Zen para ele, já que seria perda de tempo colocar essa definição em minhas palavras:



“[...] zen (zen-na) é a pronúncia japonesa do chinês tch'an (tch'an-na), já de si uma transcrição fonética do sânscrito dhyana, <meditação>.

Esta forma de meditação difere radicalmente daquilo que esta palavra vulgarmente designa no Ocidente. Em zen, não se medita sobre alguma coisa, mas sobre nada; trata-se de um recolhimento em si mesmo, de uma experiência espiritual íntima, mas que passa pelo corpo e reconstitui a unidade do corpo e do espírito. Somente um equilíbrio fisiológico estável é capaz de engendrar a pacificação do espírito, a qual permite a cada um descobrir a sua verdadeira natureza, que, para o budismo, é identidade com o universo na sua totalidade. Esta descoberta é a Revelação. Porém, de acordo com os mestres zen, a Revelação não é diferente da meditação sentada, o za-zen, a prática do zen. É esse o postulado essencial desta escola, que, por conseguinte, apenas se pode verificar através de um empenhamento pessoal.

Histórica e geograficamente, o zen é uma das escolas do budismo Mahayana (o <Grande Veículo>), que surgiu na China no século VI e foi introduzida no Japão no século XIII; dando uma primazia absoluta à descoberta da <natureza própria>, apenas dá uma importãncia mínima aos ritos e recusa toda a abordagem intelectual. Essa vontade de desprendimento distingue o zen de outras escolas. Ao adoptar a postura do Buda Shakyamuni (560-480 a.C., aproximadamente), o adepto espera atingir, como ele, aquilo que frequentemente se designa por iluminação, mas que os budistas designam por Revelação. Shakyamuni não era nem um salvador nem um profeta inspirado, mas um homem que graças a uma procura incessante, obstinada, atingiu um dia a compreensão perfeita, o conhecimento absoluto. Segundo ele, qualquer homem era susceptível de o atingir, na condição de que lhe fossem revelados os meios, o método.” (BROSSE, 1999, pags. 9-10)



Embora esses parágrafos sejam suficientes para mostrar que o zen não é nada daquilo que em geral se veicula no ocidente, de um estado mental de paz que mais parece dormência, já que a ideia é outra, ou seja, de consciência de unidade com todo o universo, o que inclui todos os seus reflexos encarnados, ou seja, todos os seres, mesmo assim essa introdução ainda é incapaz de detalhar todo o alcance ou dimensão do zen.

Deste modo, recomendo a leitura do livro como um todo, que também inclui um histórico do zen e seus patriarcas, livro este que pode ser adquirido aqui, além da leitura de outros textos, como o da introdução da Escola Zen Phenix da Áurea Hora, do Dr. Austro Queiroz.

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*Gentil Saraiva Jr.